Ramen para estrangeiros - Michele Dupont

Por 5 anos vivi no Japão. Nesse tempo, passei por uma grande crise, sobrevivi a um casamento, durante um ano fui totalmente analfabeta e mal sabia dizer “ohayo” (bom dia em japonês), por duas vezes quase saí careca do salão de beleza, comprei vinagre no lugar do óleo, pedi sempre no cardápio apontando com o dedo sem ter a mínima ideia do que estava pedindo e por vezes comi nattô e quase morri também. (nattô é uma soja fermentada)

Ramen para estrangeiros

Por 5 anos vivi no Japão. Nesse tempo, passei por uma grande crise, sobrevivi a um casamento, durante um ano fui totalmente analfabeta e mal sabia dizer “ohayo” (bom dia em japonês), por duas vezes quase saí careca do salão de beleza, comprei vinagre no lugar do óleo, pedi sempre no cardápio apontando com o dedo sem ter a mínima ideia do que estava pedindo e por vezes comi nattô e quase morri também. (nattô é uma soja fermentada)

Foi quando tive a oportunidade de estudar em um curso voltado para brasileiros em uma escola técnica japonesa. Estudei “kaigo” e me formei como helper (cuidadora). Aprendi a cozinhar com japoneses e descobri que nunca havia comido comida japonesa de verdade. Apaixonei-me, mas como dizem que amor de verão não sobe a serra, esse deu a volta ao mundo.

Essa paixão pela cultura e cultura alimentar japonesa, o aprendizado, a imersão aos costumes me proporcionaram o conhecimento que tento passar as pessoas hoje em dia. Impossível falar de comida japonesa sem entender os conceitos e histórias da importância do alimento para essa cultura, que sobreviveu por séculos com guerras internas e externas, que baseava sua alimentação em conceitos religiosos e as pessoas eram divididas em classes sociais e a maioria não tinha o acesso a todos os alimentos que eram exclusivos dos senhores feudais e algumas classes como samurais e outros.

Espero, de uma forma simples e humilde, passar toda minha experiência no convívio com a cultura e culinária japonesa, pelo olhar de uma brasileira, curitibana e entusiasta pela gastronomia asiática.

Saliento que escrevi com os olhos de uma “gaijin”, ou seja, estrangeira, então peço que quem nasceu dentro da cultura ou é de origem japonesa entenda meus pontos de vista a partir de uma pessoa que somente conheceu a fundo essa cultura extraordinária quando adulta e a absorção de tudo foi uma “metanoia” em minha vida.

よろしくおねがいします

Yoroshiku onegai shimasu

Instagram @ramengirl_br

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