O que é e como escolher um narrador?

Narrador

Esse é o elemento narrativo crucial no desenvolvimento de um texto literário, tem vários pontos, mas é suuuuper fácil de entender. Papel e caneta na mão, prepare um lugar confortável, pegue aquele café, chazinho, e vamos nessa!

O narrador também pode ser chamado de foco narrativo, porque ele determina e é a voz do texto. Antes de mais nada, guardem essa frase: em uma trama ficcional, alguém sempre vai contar a história para o leitor. 

Aí você pergunta: quem será este alguém? Você, escritor independente, é quem vai decidir!

O narrador pode ser um porta-voz, exercer um papel de espectador, ser uma presença constante, um personagem ou mesmo uma voz. A decisão se dá com base no entendimento dos tipos de narrador e na construção que você busca para o seu texto. 

Tipos de Narrador: 

Narrador Personagem

A figura participativa! Sim, este é aquele narrador que faz parte do texto, que conta aquilo que viveu, vive ou viu de perto. Esse tipo de narrador se divide em dois grupos: 

Narrador protagonista: o personagem principal narra os acontecimentos da história. Pense neste modelo como aquele alguém para quem você diz bom dia e ele te conta a vida inteira. 

Narrador testemunha: um personagem secundário que relata tudo o que sabe. 

Um ponto importante do narrador personagem, é que ele narra em 1º pessoa do singular (eu) ou do plural (nós). 

O que difere este tipo de narrador é a sua subjetividade, ele dá o seu ponto de vista dos fatos, não é imparcial, deixa suas emoções evidentes e o leitor só terá contato com o seu ângulo da trama. 

Em termos simples — um narrador em primeira pessoa vai dar a sua visão e ele não é uma figura confiável. 

Em textos que trabalharão a opinião do leitor, com intrigas e investigações, este tipo de narrador favorece o suspense no mesmo grau em que dificulta a confiança do leitor.

Narrador Observador: 

É aquele narrador que sabe dos fatos, mas não participa deles. Sempre escrito em terceira pessoa do singular (ele/ela) ou do plural (eles/elas). 

Este aqui viu o desenrolar da história, mas não conhece os sentimentos dos envolvidos, não está nos seus pensamentos, o famoso fofoqueiro. Ele dá a sua visão dos fatos de acordo com o que viu. 

O fato de não ter contato com os sentimentos e pensamentos dos personagens envolvidos, torna-o alguém mais afastado, ou seja, ele vai narrar fatos e ações, não mais que isso. Ele não interfere no texto com seus sentimentos ou opiniões.

Narrador Onisciente/Onipresente:

Esse narrador sabe de tudo! E quando dizemos tudo é tudo mesmo! Sabe da trama em detalhes, conhece os sentimentos envolvidos , todas as decisões e pensamentos, de todos os personagens. 

Ele é geralmente escrito em terceira pessoa do singular (ele), mas em alguns casos pode assumir a versão em primeira pessoa. Quando? Quando a trama se passa em fluxo de consciência ou apresenta o fluxo de consciência de um personagem. 

Narrador Onisciente Intruso: 

Se você pensou em um dador de opinião, você pensou certinho. Esse narrador deixa as suas percepções sobre fatos da trama, deixa as suas opiniões sobre decisões escaparem e julga sem medo de ser feliz. 

As intromissões precisam ser dosadas para não atrapalhar demais o fluxo de texto ou comprometer o entendimento do leitor. Em resumo, ele narra, julga, critica e se posiciona na trama, mesmo não sendo parte direta dela. 

Narrador Onisciente Neutro: 

Como o nome mesmo mostra, ele não toma partido. Não dá opiniões ou faz observações, se concentra em descrever os personagens, os fatos, as amarras. Esse narrador não influencia a visão do leitor. 

Narrador Onisciente Múltiplo: 

Esse narrador tem visões diversas, pode mudar de opinião à medida que ele mesmo relata os fatos e acaba influenciando o leitor para que também escolha um lado, tome posição contra, ou a favor de um fato ou personagem. Seu discurso será, em maioria, um discurso indireto livre. 

É aquele que não está presente, mas não deixa de colocar sua voz nas situações.

Por que é importante escolher bem o narrador?

Este elemento narrativo pode mudar completamente a condução da sua história, sem a escolha de como quer contar as coisas, não tem como seguir escrevendo o seu texto. Para escolher o narrador, pense naquele com o qual você terá mais facilidade de trabalhar. 

Lembre-se que o narrador será uma extensão da sua voz como autor. Ele dita como a obra será contada e quanto de verossimilhança terá. 

Segundo Percy Lubbock, em seu livro, A Técnica da Ficção (1976. Ed. Cultrix), o caminhar de uma história depende da “consciência das pessoas que a povoam e poder-se-ia supor que se faz mister nos contar o que aconteceu”.  O que isso quer dizer? 

Que a sua história precisa gerar sentimentos no leitor e a maneira como você trabalha o seu narrador será parte essencial dessa emoção e aproximação. 

Agora que já abordamos mais um elemento narrativo, temos certeza de que suas histórias serão ainda mais fortes! 

A autopublicação é um desafio, mas a UICLAP está aqui para te mostrar que é possível e não precisa ser complicado. Lembre-se que pode contar conosco para realizar o seu sonho de publicar.