Um sonho de Educação
Colunista do DIÁRIO DO RIO fala sobre Stephany Nazario, que compreendeu que é preciso ter a mobilização de todos os esforços na defesa dos direitos educacionais de crianças e adolescentes
Por Andréa Nakane
Stephany Nazario Monteiro da Cruz, ou simplesmente, Stephany Nazario, é uma jovem estudante carioca, de 18 anos, moradora da zona oeste do Rio de Janeiro, no bairro de Vila Valqueire que há muito compreendeu que é preciso ter a mobilização de todos os esforços na defesa dos direitos educacionais de crianças e adolescentes, sobretudo os que estão localizados na periferia.
Como pesquisadora e ativista, Stephany Nazario já teve oportunidade de participar de uma conferência diplomática para jovens do Ensino Médio na Universidade de Harvard e foi justamente nessa vivência, que ela percebeu a escassez de presenças de estudantes da rede pública no evento.
Juntamente com quatro colegas do Colégio Pedro II, Stephany Nazario organizou um financiamento coletivo e dessa forma conseguiram orçamento para bancar a viagem à Boston no início de 2022.
E agora, Stephany Nazario, perseguida pela inquietação constatada no evento norte americano, lança seu primeiro livro, intitulado Apanhadores de Sonhos, pela editora UICLAP, visando contribuir para reflexões sobre a necessidade de políticas públicas mais inclusivas na educação.
“Minha inspiração para o livro surgiu a partir da minha atuação com o PerifEduca, meu projeto social que atua em escolas de favela e periferia. Eu buscava entender os dilemas enfrentados por estudantes de áreas marginalizadas, permeadas pela ação do tráfico, e como auxilia-los a ressignificar cotidianos de violência para, finalmente, conquistar empoderamento educacional. Para isso, retomei um projeto de pesquisa que iniciei durante o Ensino Médio no CPII. Muito satisfeita com o resultado, pensei em como poderia adaptar esse estudo para torná-lo acessível ao público, a fim de introduzir pessoas comuns à fenômenos de desigualdade que estão atrelados tanto à baixos índices de escolaridade quanto à perpetuação de ciclos de pobreza nas favelas e periferias.”
relata Stephany Nazario.
O livro está disponível para venda no site da Editora UICLAP (para o Brasil) e no site da Amazon (para leitores no exterior) em mais de 10 países. Para os amantes do digital, o livro também está disponivel na plataforma do Kindle por apenas 9,99. Os lucros de venda serão destinados às ações do meu projeto social, o PerifEduca.
“Este livro é radical. E ele tem lado. Talvez não político, mas com certeza de valores. Ele ilustra a urgência de uma educação pública emancipatória, e revela como essa conquista deveria ser de interesse unânime em sociedade. Ele mostra que precisamos, e devemos, participar da discussão política, mesmo que pensemos que esta não nos afeta diretamente: ela afeta, e se revela nas maneiras mais imprevisíveis.“
declara Stephany Nazario.
E já de olho no futuro, mas atuando no presente, Stephany Nazario – @stenazario – planeja cursar Ciências Políticas ou Gestão de Politicas Públicas em uma faculdade.
afirma Stephany Nazario.
- “Me vejo implementando políticas educacionais inovadoras que acabarão com a sentença do fracasso imposta em jovens marginalizados. Políticas com o potencial de construir escolas que empoderam sujeitos para que eles se percebam como agentes transformadores da realidade. O meu sonho é que as favelas brasileiras, um dia, sejam referência na educação mundial. Estamos longe disso. Me atrevo a dizer que muito longe. Mas, da minha parte, o primeiro passo foi dado. E já posso dizer que os próximos parecem menos difíceis.“
Em plena troca de ano no calendário, conhecer a determinação e empatia de Stephany Nazario, nos revela que nosso futuro embalado por mãos tão responsáveis e conscientes como a dela, só nos pode garantir que a esperança em dias melhores tem muitas chances de prosperar, pois precisamos muito de personalidades como dessa abnegada jovem, que não só apontem as necessidades, mas também ofereçam possíveis soluções para que as mudanças realmente aconteçam e nos permitam viver em uma sociedade muito mais justa e com equidade.
O livro Apanhadores de Sonhos deve ser leitura obrigatória de todos os políticos que estão à frente das pastas de Educação, assim como de todos os cidadãos que vislumbram um horizonte, na qual a educação seja o fertilizante para um novo e mais feliz Amanhã.
Um 2023 repleto de sonhos e, sobretudo, realizações para todos nós!
Fonte: Diário do Rio
Apanhadores de Sonhos
Da soberania da lei à guerra às drogas: como a violência tem moldado o potencial acadêmico de crianças e jovens nas favelas do Rio de Janeiro