Um historiador, uma jovem misteriosa e... Segredos Intocados!
A História costuma ser apresentada como uma sucessão de fatos encerrados, datas arquivadas e verdades consolidadas. Mas Segredos Intocados parte de uma premissa inquietante: há momentos em que o passado não termina — ele apenas muda de forma. Segredos Intocados, porém, parte de uma inquietação fundamental: o passado não é neutro, nem completamente revelado. Ele é moldado por escolhas, silêncios e decisões tomadas longe dos holofotes — muitas delas com efeitos que atravessam gerações
Em Segredos Intocados, o historiador David Allen é apresentado no momento em que sua carreira atinge um novo patamar: o lançamento de seu mais recente livro em uma tradicional livraria de Londres, espaço carregado de história, memória e prestígio intelectual. Entre estantes centenárias e leitores atentos, Allen celebra o reconhecimento acadêmico — até ser surpreendido por um encontro inesperado. É ali que surge a jovem Sophie Blackwood, uma presença tão enigmática quanto provocadora, que o observa com atenção incomum e, em poucas palavras, lança a pergunta que mudará o curso de sua investigação: e se nem tudo aquilo que foi arquivado realmente pertence ao passado?
Ao mergulhar nos escombros morais do pós-Segunda Guerra Mundial, a obra revela que o fim do conflito não significou o fim das disputas. Pelo contrário: inaugurou uma nova fase, mais silenciosa e sofisticada, onde arquivos desapareceram, operações foram reclassificadas e determinados acontecimentos passaram a existir apenas nas margens da memória. A guerra pode ter terminado nos campos de batalha, mas continuou ativa nos bastidores da política, da inteligência e da reconstrução europeia.
O encontro entre ficção, história e atualidades
O romance histórico explora com precisão esse limiar incômodo entre revelação e silêncio. Cada documento encontrado, cada pista deixada por veteranos e cada fragmento de memória recuperado carrega um peso ético: revelar pode iluminar, mas também pode destruir reputações, famílias e até equilíbrios geopolíticos cuidadosamente construídos no pós-guerra. A narrativa não anuncia apenas um aviso, mas revela um diagnóstico histórico latente.
Há, ainda, um paralelo poderoso entre passado e presente. O livro sugere que o século XXI continua a herdar os mesmos mecanismos do século XX: projetos secretos, alianças opacas e decisões tomadas longe do escrutínio público. O que mudou foram as ferramentas. Se antes eram laboratórios e arsenais, hoje são dados, algoritmos e estruturas invisíveis de poder. O passado, longe de estar enterrado, continua operando sob novas camadas.
A verdade é mais complexa
Segredos Intocados não oferece conforto. Ele provoca. Convida o leitor a refletir sobre os limites da investigação histórica, sobre o valor do silêncio e sobre o preço da revelação. No fim, a pergunta permanece aberta — e incômoda: se você tivesse acesso a um segredo capaz de reconfigurar nossa compreensão do passado, teria coragem de trazê-lo à luz?
Porque algumas verdades não querem ser esquecidas.Elas apenas esperam o momento certo para retornar.
Sobre o autor:
Felipe Nogueira Monteiro é historiador, especialista em Museografia e Patrimônio Cultural/Ciências Políticas. Atua como coordenador de área (História) pela Secretaria Municipal da Educação de Guaratinguetá/SP. É autor de três livros, sendo o último Segredos Intocados(2025). O presente livro foi lançado na Café com Arte e Prosa em Guaratinguetá, a Festa Literária de Guaratinguetá (FLIG), na Festa Literária de Lorena (FLLOR), bem como tema de bate-papo no clube do livro de filosofia e política Rosa Maritaca, em Roseira.
