Talvez viver seja isso

O que acontece depois que a batalha termina? E quando o silêncio que sobra é mais assustador que o barulho da luta?
É nesse espaço frágil, real e silencioso que encontramos Rafael, o protagonista de Talvez viver seja isso. Aos trinta anos, ele carrega no corpo e na alma as marcas do que sobreviveu: um câncer, um divórcio e uma voz que precisa reaprender a existir. Mas este não é um livro sobre a dor que passou. É uma história de travessia, não de superação.
Rafael tenta reconstruir a vida a partir dos pedaços que sobraram, sem pressa, sem manual, sem certezas. Em um apartamento antigo que herdou da tia-avó, entre caixas de papelão, móveis que não escolheu e a poeira acumulada do tempo, ele dá os primeiros passos. Cada pequena ação como abrir uma janela, fazer uma faxina desajeitada, sentir o gosto do café de novo se torna um lembrete: ele ainda está aqui.
Comecei a escrever esse livro no intervalo entre a dor e a tentativa de continuar. Não sabia se conseguiria terminá-lo, nem se faria sentido para alguém além de mim. Mas escrever foi, por muito tempo, o único jeito de respirar com alguma leveza depois do silêncio que o câncer deixou.
Talvez viver seja isso nos lembra que a cura não é uma linha reta. Haverá dias em que a vontade de continuar aparece como um lampejo de esperança. E outros podem trazer de volta tudo aquilo que parecia superado. O livro acolhe a bagunça, a confusão e a beleza dos recomeços. Ele se move entre o riso e o silêncio, entre a coragem e a vulnerabilidade.
Porque às vezes a maior prova de força é continuar, mesmo sem certeza nenhuma. E talvez, só talvez… viver seja isso.
