República dos Primos — lembranças, risos e quintal

A casa da avó era um país: tinha leis próprias, horários, disputas por controle de videogame e um terreno inteiro de memórias.
Nestas crônicas eu recupero cheiros e gestos — pernil assando, a salada de frutas cortada com precisão, o radinho do vovô batendo Nelson Gonçalves ao sol — e imagens que viraram pequenas epopeias: a piscina de lona no quintal, a cafifa cortando o céu, o disco de vinil que virou lenda quando tocado ao contrário.
Reúno episódios que são rituais de passagem: a queda da bicicleta na descida da rua que partiu o maxilar em três lugares; a oração doméstica que sempre acabava em crise de riso; o tio que dava aula de tabuada com voz de general e ainda assim era quem nos levava ao cinema; os campeonatos de videogame e as locadoras com fitas que precisavam ser rebobinadas.
Escrevo com o olhar de quem cresceu dentro daquilo — e aprendeu a rir depois — porque este livro quer exatamente isso: transportar o leitor para um sofá qualquer da casa da avó, fazê-lo mastigar um pedaço de bolo enquanto alguém grita do rádio, sentir de novo o calor do cimento onde se jogava bola e a liberdade de uma infância feita de improviso.
As histórias misturam humor e melancolia; são crônicas que não se contentam em só lembrar, querem explicar por que crescemos como crescemos — e como, muitas vezes, isso aconteceu no quintal, entre regras não escritas e afetos explícitos.
Se você busca memórias que cabem no bolso e tocam o peito, estas páginas são um convite para voltar — e rir — da própria infância.
Sobre o autor:
Renan Hart escreve sobre memória, família e pequenas revoluções cotidianas; República dos Primos é sua coleção de crônicas sobre crescer nos anos 80 e 90 no Brasil.
Renan Hart — Historiador, músico e cidadão de Niterói
