O que é regionalismo literário e por que ele volta a ter espaço

regionalismo literário

O regionalismo literário é um estilo no qual as obras destacam elementos típicos de uma localidade específica: a paisagem, a linguagem, os costumes, as tensões sociais, econômicas, históricas e culturais de uma região. Quer entender mais sobre esta vertente tão importante da literatura brasileira? Vem com a gente!

Surgido no Romantismo, o regionalismo busca ancorar a narrativa num espaço bem definido, mostrando como ele molda vidas, conflitos e identidades. No Brasil, o regionalismo tem tradição antiga surgido no século XIX, se consolida ainda mais no Modernismo com a chamada “literatura de 30”, e seguiu se renovando.

Nas últimas décadas vemos um resgate editorial desse tipo de literatura: obras que valorizam o interior, o Nordeste, o sertão, a Amazônia, os Interiores de cada estado, regiões menos representadas nos grandes centros urbanos. 

Esse resgate sempre esteve presente em autores pontuais, também se manifesta em editoras pequenas, selos independentes, concursos literários regionais, bem como no interesse crescente dos leitores por narrativas que trazem diversidade geográfica, social e cultural. 

A literatura regional volta a ocupar espaço porque o público busca voz autêntica, histórias que refletem realidades distintas do eixo Rio‐São Paulo. Uma das razões desse interesse renovado é que, por muito tempo, o cânone literário privilegiou obras centradas nas metrópoles ou nos dilemas “universais”, no sentido de serem válidos em qualquer lugar, muitas vezes apagando ou minimizando vozes do interior, migrantes, retornantes e retirantes.

Agora isso começa a mudar, em parte graças às plataformas de autopublicação, como a UICLAP, pois o foco na democratização de ferramentas digitais traz valorização da diversidade cultural, étnica e regional ao foco. Autores do interior, migrantes e retirantes veem uma possibilidade real de ter sua obra publicada, lida, discutida.

Críticos e acadêmicos também revisitam o regionalismo, vendo nele não mais um gênero necessariamente menor ou retrógrado, mas uma forma poderosa de construir conhecimento literário, questionar desigualdades, explorar línguas, variantes linguísticas, narrativas plurais. 

Há pesquisas recentes que discutem a “permanência do regionalismo na literatura brasileira contemporânea”, mostrando que, dos grandes clássicos a autores vivos, há marcas fortes de regionalismo. 

Leia a pesquisa da UnB: https://periodicos.unb.br/index.php/estudos/article/view/29322
Veja também: https://blog.uiclap.com/como-se-tornar-um-autor-melhor/

Exemplos reais: clássicos e novas obras que mostram o regionalismo

Para ilustrar esse resgate, alguns exemplos clássicos são fundamentais. O Quinze, de Rachel de Queiroz (1930), retrata a seca de 1915 no sertão nordestino; mostra vidas de retirantes, a fome, a paisagem árida, e como as pessoas são forçadas a deixar suas terras ou conviver com a escassez. 

Vidas Secas, de Graciliano Ramos, faz algo similar ao mostrar uma família de retirantes no sertão, exposta à seca, à miséria, mas também à dignidade nas pequenas resistências cotidianas. Outro romance importante é Cascalho, de Herberto Sales, ambientado na Chapada Diamantina, onde o ambiente natural, social e econômico do interior baiano (os garimpos, as comunidades) é retratado com atenção às especificidades regionais. 

Sargento Getúlio, de João Ubaldo Ribeiro, embora mais tardio, traz forte regionalismo ao mostrar o Sertão ou regiões nordestinas do ponto de vista individual, linguagem coloquial local, conflitos éticos, morais, políticos que se entrelaçam com o meio. 

Além dos clássicos, obras mais recentes ou de autores menos centrais também exemplificam como o regionalismo segue vivo. Um exemplo é À Cidade, do poeta Mailson Furtado, que traça um retrato cotidiano de uma cidade do interior do Nordeste, explorando a vida urbana interiorana, as relações humanas, os animais, as crianças, com uma linguagem visceral. 

Outra obra com forte regionalismo presente na loja da UICLAP: Frases de Alma Nordestina, do autor Ademilton Fernandes. O subtítulo de catálogo define que o livro é “um mergulho no universo linguístico e cultural do Nordeste brasileiro, onde o dialeto único e a sabedoria popular se entrelaçam… expressões típicas, identidade cultural, linguagem regional”. 

Conheça aqui: https://loja.uiclap.com/titulo/ua74073/

O romance Do Castigo para a Felicidade!, de Maria Paz, é descrito no blog da UICLAP como “um romance regional inesquecível, ricamente ambientado no Seridó da Paraíba”. A ambientação no Seridó é destacada como marca do regionalismo. 

Conheça aqui: https://loja.uiclap.com/titulo/ua26156/

Também autores como Milton Hatoum, ainda que sejam contestados quanto ao “rótulo” de regionalistas, revivem marcas do regionalismo em obras como Dois Irmãos ou Relato de um certo Oriente, ao explorar o universo amazônico, as fronteiras culturais, as migrações internas, os espaços urbanos‐regionais. 

Esses exemplos servem como confirmação de que o regionalismo não é coisa do passado, muito pelo contrário! Autores contemporâneos vêm usando traços regionais para contar histórias que dialogam com questões de identidade, pertencimento, desigualdade e, linguagem local. Isso oferece uma janela importante para autores “interioranos” e “retirantes” ocuparem espaço.

Incentivo aos autores do interior e retirantes: por que escrever de onde se está importa

A narrativa regional não é “menor”: ela preserva memórias, modos de vida, linguagens e visões de mundo que se perdem quando são ignoradas. Escrever a partir do interior é trazer autenticidade, o autor interiorano fala do que vive, não apenas do que pesquisa. Ele conhece de perto os sotaques, o modo de falar, as festas, as crenças, os mitos, as dificuldades e também as alegrias do cotidiano. Vive a religiosidade popular, o convívio comunitário, o ritmo das estações, o cheiro da terra e a presença das plantas que marcam sua paisagem e sua identidade.

Esse embasamento confere veracidade, riqueza e poder de evocação que impactam quem lê, inclusive quem está fora daquela região.

Para muitos autores, há também o tema da migração, da saudade, do deslocamento. Essas experiências tão humanas carregam muito material literário: históricas de adaptação, de perda, de mudança, de identidade em trânsito. São histórias que reverberam hoje, num Brasil marcado por migração interna, desigualdades regionais, redistribuição de populações entre cidades, estado etc.

Publicar na UICLAP: como funciona e por que é uma boa opção

A UICLAP é um Portal que permite a publicação gratuita de livros físicos com impressão sob demanda. Ou seja: o autor faz upload do material (texto e capa), define acabamento, preço etc., sem ter de fazer tiragem mínima nem investir com a produção antecipada de muitos exemplares. Ah!

O autor não paga para colocar o livro à venda!

Há tutoriais de suporte para que apoiam o escritor com a revisão, capa, diagramação etc., além de inúmeros materiais com dicas aqui no blog. Outra coisa muito importante, é que livros publicados pela UICLAP podem aparecer em eventos como Bienal do Livro, ou ser integrados a marketplaces parceiros, como a Amazon, isso dá alcance além da localidade do autor. 

Como começar

Comece escrevendo pequenas histórias ou contos ambientados onde você está, use imagens, detalhes reais; compartilhe em blogs ou redes sociais; busque apoio local. 

Use a UICLAP para formalizar sua obra física quando estiver pronto, mas já vá construindo público, construindo identidade literária. Isso ajuda não só na publicação, mas para que sua obra seja reconhecida, e para que mais livros com regionalismo ganhem o mercado editorial.