Jefferson Silva incentiva a enfrentar os medos através de “Sentinela”

Sentinela é o terceiro livro do autor baiano Jefferson Silva. O enredo apresenta a história de Prósfero, uma sentinela que ilumina a floresta para proteger plantas e animais das ameaças. A obra faz uma reflexão sobre a importância das sombras na vida das pessoas e a necessidade de compreender os medos e as partes obscuras da alma. O autor traça um paralelo entre o papel da sombra e a necessidade dos humanos de compreender os próprios medos. É um livro que trata da superação dos medos e da importância de ser útil para a sociedade sem deixar de lado as próprias particularidades. O autor já havia escrito sobre esse tema em outros livros, mas em Sentinela ganha ênfase. A obra tem sido bem recebida pelo público, que se identifica com a trajetória de Prósfero.

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Em nova obra do escritor baiano Jefferson Silva, uma sentinela descobre que, para existir luz, o breu também precisa estar presente

Em Sentinela, terceiro livro publicado pelo autor baiano Jefferson Silva, um vaga-lume vive uma contradição: ao mesmo tempo que tem a função de iluminar a floresta durante a noite, a falta de luz o amedronta. Precisa, porém, enfrentá-la para exercer seu trabalho. Sem o breu, o inseto deixa de existir. A partir dessa reflexão, o autor traça um paralelo entre o papel da sombra na vida das pessoas e a necessidade dos humanos de compreender os próprios medos e as partes obscuras da alma.

O enredo apresenta a trajetória de Prósfero, uma sentinela que caminha pela floresta com o objetivo de iluminar o lugar para proteger os animais e plantas de ameaças. Enquanto anda, conhece, por exemplo, Ésus. O personagem também é uma sentinela que, quando está ao lado do protagonista, emite uma luz mais forte.

Nascido em Salvador, na Bahia, Jefferson Silva Pinho de Jesus estudou em uma escola pública da capital e, ao se formar, optou por focar no design gráfico. Amante da área da saúde, tornou-se estudante de Farmácia. Concomitantemente a essa formação, envereda desde cedo no mundo artístico: fez cursos de canto, ganhou concursos de dança e escreve. É autor dos livros “O Homem Árvore”, “O Caminho e o Andarilho”. Confira a entrevista!

Explorando um contexto de medos e coragem, “Sentinela” ambienta o difícil dilema de um vaga-lume que, ao mesmo que tem a função de iluminar a floresta, tem medo do escuro da noite. Quais foram os principais pontos de partida que o fez chegar até essa história?

É difícil encontrar alguém que nos ensine a superar nossos medos, inclusive quando somos jovens. Mesmo que haja, é um percurso complicado. Logo no início da trajetória dos personagens, percebemos que a função dos sentinelas é proteger os bosques da escuridão com a luz, contudo, há muito mais em jogo do que apenas a função de vigiar. Há muito mais do que lidar só com o medo e suprir funções. Sentinela é uma crítica à essas questões, porque vivemos como “robôs” tendo que, na maior parte do tempo, ser úteis para o social, mas para nós mesmos? “Os Vaga-lumes do Jardim” traça uma temática em relação ao encontro de si mesmo, e de que podemos, sim, ser proveitosos na sociedade, mas sem excluir nossas particularidades.

Muito além da forma que encontrou para ilustrar o contexto de sua história, você apresenta ao público um paralelo das sombras que povoam as nossas vidas e a necessidade que temos de compreender nossos medos. De forma prática, como foi o desafio de transcrever esse contexto para as páginas?

Não foi tão desafiador, por já estar escrevendo sobre em outros livros. No entanto, em Sentinela que isso ganha ênfase, e esse paralelo é sobre como o medo pode nos fazer crescer, mesmo que a gente se sinta rodeado por sombras, podemos reverter as negatividades em soluções práticas, em positividade, em fazer coisas boas, e isso ilumina o ser que está escasso de luz. O desafio maior foi humanizar o pequeno vaga-lume no intuito de ambientalizá-lo nos dramas humanos.

A respeito de despertar essa coragem e incentivar a habilidade de compreender seus próprios medos e as partes obscuras da alma, acredita que muitas pessoas possuam essa dificuldade atualmente? Como tem sido a recepção por parte do público?

Acredito sim, muita gente vive preso nos traumas e temores, todavia, se analisarmos a trajetória do personagem principal, fica notável que a superação dos nossos temores é um processo bastante complicado. Algumas pessoas ao ler a sinopse ficam bastante empolgadas, inclusive, quem iniciou a leitura, geralmente fala que se identificou bastante com os processos vividos de Prósfero.

Durante o decorrer da narrativa, o vaga-lume acaba conhecendo vários personagens que o ajudam com suas questões, tais como o Esus, Anciã, entre outros. Como foi o processo de construção dos personagens e quais as suas inspirações?

Reparando bem, na história há uma troca entre as experiências dos personagens principais, e eles vão se auxiliando, o que Prósfero viveu de alguma forma ajuda Ésus, e Ésus, Prósfero, etc… Tive inspiração nas histórias medievais, de ficção e fada, como Senhor dos Anéis, Game of Thrones, World of Warcraft… Basicamente os nomes dos personagens foram em grego e latim, eu fui alterando a palavra em si que vieram de verbos, substantivos e adjetivos, “dar clarões”, “doar”, até que ficasse numa conformidade de um nome real, no entanto, não houve muita descrição na forma física, já que a maioria era apenas uma esfera luminosa. A personalidade e as características foram baseadas no papel que o personagem teria na história, e que filosofia ele poderia trazer que ligasse aos seus comportamentos e suas transformações fisico-químicas. Criar um “idioma” e formas de expressão que deixasse mais real e ambientalizado os personagens, com as circunstâncias e os momentos no livro. Não poderia também descrever as emoções dos personagens iguais as dos seres humanos, já que eram seres de luz que não tem face para expressar emoções, porém, descrevi a expressão deles pelo tom de voz e por suas palavras, gerando uma pitada de poesia entre os parágrafos.

Apesar de ser um tema real e que muitas pessoas têm dificuldade de lidar, você acreditar que ter passado essa narrativa através da fantasia possa ter sido uma boa ferramenta ao invés de escrever um livro puramente mais técnico sobre o tema?

Presumo que sim, acredito que a interligação de autoconhecimento em outros gêneros literários é uma boa tática para ajudar as pessoas a lidarem com seus próprios dramas, principalmente num período pós-pandemia, aumento de preços, crise no Brasil, guerra no mundo, mudanças climáticas. Então existem problemas internos e externos que as pessoas precisam trabalhar e tratar sobre. Esse tema é uma maneira de auxiliá-las, e cogito tratar de mais autoconhecimento ainda no futuro, porque o futuro está em conhecer nós mesmos no presente e no agora. Quem seremos para o que será?

O seu livro é recheado de lições de vida e de situações que nos fazem pensar sobre nossos sentimentos. Quais são as principais lições que pretende que o leitor adquira ao ler sua obra?

Os bons frutos do autoconhecimento, amor-próprio, entender o seu papel no mundo na sua essência única, que apesar de sermos protagonistas da nossa história, nem tudo será sobre a gente. O bem e o mal não são tão diferentes, só depende de onde é aplicado. Ninguém é covarde por ter medo, pelo contrário, somos corajosos por vivermos com o medo agarrado em nossos pescoços, não deixando de viver mesmo com ele. Está tudo bem se perder um pouco, ou jamais irá se encontrar.

Qual é o principal significado que essa obra está tendo em sua carreira como escritor?

Quando propus vaga-lumes como personagens, fiz no propósito de conscientizar dos impactos sociais e ambientais, social no sentido que ao ler o livro nos identificamos com eles, apesar de os insetos não serem humanos, porém, carregam a luz consigo e nós também, o brilho de cada um de nós, numa forma única, somos vaga-lumes quando brilhamos através de nossas atitudes. Nos acostumamos demais com o superficial e esquecemos do natural, hoje, os vaga-lumes, sentinelas dos nossos jardins, são praticamente extintos, como o próprio livro diz, nem sempre a escuridão é nossa inimiga, a luz também pode ser, e essa luz é a urbanização, é hora de usarmos a tecnologia ao favor do que é natural.

Além dessa nova obra, também é autor dos livros “O Caminho é o Andarilho” e “O Homem Árvore”. Qual foi o principal diferencial que percebeu ao trabalhar nesse novo lançamento?

Me destinei a lidar com a ficção sem abandonar a prosa e a poesia, criei um “idioma” dentro do livro, algo que nunca havia pensado nos dois primeiros, tive desafios pra enriquecer a história e construir personagens, o que não fiz anteriormente com detalhes.

Título: Sentinela
Autor: Jefferson Silva
Editora: Uiclap
ISBN/ASIN: 9798376975275
Páginas: 134

Fonte: Observatório dos Famosos

Sentinela – Os vaga-lumes do jardim.

O conto dos vigilantes luzentes