A História da Maçonaria Adonhiramita
A obra "Origem da Maçonaria Adonhiramita" é um estudo detalhado da história, filosofia e hieróglifos relacionados, não apenas à Maçonaria Adonhiramita, mas às Ordens Iniciáticas de forma geral, que foi originalmente publicada por Louis Guillemain De Saint-Victor em 1787.
Ela é considerada um dos textos fundamentais sobre o Rito Adonhiramita, um dos mais importantes na história maçônica, especialmente no Brasil, onde é amplamente praticado. Esta tradução busca trazer uma versão acessível e fiel ao original francês do século XVIII, além de refletir sobre o contexto histórico e as influências filosóficas da época.
O autor rejeita as ficções criadas pelos entusiastas e fanáticos maçônicos, optando por uma abordagem mais racional e histórica. Saint-Victor analisa minuciosamente as religiões e mistérios da antiguidade, especialmente os egípcios, traçando paralelos entre os antigos sacerdotes e os ritos maçônicos modernos.
Uma das características mais marcantes da obra é o forte foco no Egito Antigo, que é apontado como berço dos "Mistérios", que, segundo ele, influenciaram diretamente os rituais e símbolos maçônicos. Ele considera que a sabedoria e os rituais praticados pelos sacerdotes egípcios foram fundamentais para a formação dos princípios da Maçonaria. Isso inclui o uso de símbolos como a "pedra bruta", que representa o início da jornada de um aprendiz maçom, e o batismo, visto como uma purificação.
Saint-Victor também faz uma crítica às superstições e exageros que marcaram muitas práticas religiosas ao longo da história, especialmente aquelas relacionadas aos magos e sacerdotes da antiguidade. Ele descreve como esses indivíduos, ao convencerem os reis e os ignorantes de que tinham uma conexão direta com os deuses, conseguiram poder e influência. Para ele, os "mistérios" que esses sacerdotes alegavam dominar não passavam de invenções utilizadas para manter o controle sobre o povo. No entanto, Saint-Victor ainda reconhece que havia um valor moral e filosófico nos mistérios e nas práticas religiosas mais antigas.
Além de abordar a origem da Maçonaria, a obra também discute a cronologia histórica, buscando corrigir divergências na literatura da época sobre os mistérios antigos. O texto se aprofunda na filosofia dos magos e sacerdotes, as ciências que eles possuíam, e os rituais de iniciação que formaram a base do conhecimento transmitido ao longo dos séculos.
Em uma carta ao leitor, o tradutor sugere que a obra original, apesar de seu valor histórico, deve ser vista como um "fóssil de pensamento" da época, e que muitas das questões abordadas no texto já foram revisadas ou superadas pela ciência moderna. Ele observa que o século XVIII foi um período marcado pela explosão de ordens iniciáticas, sociedades secretas e o fascínio europeu pelo Egito, influências que permeiam o pensamento de Saint-Victor. Ainda reflete sobre o impacto e a relevância dessa obra nos dias de hoje e aponta os reflexos das referências egípcias na reforma ritualística de 1969.